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Sistema de Indicadores de Desertificação para a Europa Mediterrânea |
g Desenvolvimento de diferentes
cenários para a bacia do Agri através da aplicação
da metodologia ESA A bacia do Agri situa-se no
sul de Itália, na região de Basilicata. Esta
bacia hidrográfica, com uma área de aproximadamente 1763 km²,
caracteriza-se por acentuada variedade morfológica, ambiental, climática
e de vegetação, o que torna esta área adequada, para estudos e análises
sobre desertificação. Esta área foi cartografada, usando a metodologia
ESA (descrita na secção de ferramenta ESI). Aqui mostra-se como
é possível usar a metodologia ESA como um Sistema de Suporte à Decisão
na gestão da terra. Áreas Ambientalmente Sensíveis à desertificação sob existentes
práticas de gestão e uso da terra.
Utilizando a metodologia ESA, foram examinados três cenários,
de maneira a determinar o seu potencial em mudar, a sensibilidade á
desertificação da bacia. Cenário 1: Reflorestação de pastagens degradadas (declive
das vertentes >35% ; 900-
Este primeiro cenário considera os efeitos da recuperação
de áreas de pastagens, presentemente degradadas, através de planos de
reflorestação. A área de interesse localiza-se, fundamentalmente, nos
sectores no Montante (superior) e Intermédio da bacia do Agri, onde áreas de pastagens degradadas em declives acentuados
podem ser reflorestadas, com carvalhos e outras espécies autóctones.
Se esta intervenção tivesse lugar, haveria uma importante diminuição
das áreas críticas de 47% para 43% (em toda a bacia, mas localmente
maior), e um aumento de aéreas não ameaçadas e potenciais de 2%. Cenário 2: Recuperar ambientes de “maquis“ e “floresta mista de maquis”degradados, numa formação vegetal mais densa
e fechada.
Este cenário proporciona (no total) os melhores resultados,
em função das grandes áreas degradadas de florestas de “maquis e maquis-misto”
nos sectores Intermédio e Jusante (inferior) da bacia do Agri.
O cenário assume uma evolução dos ecossistemas degradados para outros
mais estáveis, correspondendo a formações fechadas de espécies de folha
persistente (exemplo: florestas de “maquis”
misturadas com Quercus ilex). Na ausência de perturbações antrópicas, esta seria a vegetação característica desta
área do Mediterrâneo. O aumento de cobertura vegetal resultaria numa
redução de 6% de áreas críticas e de 4% de áreas frágeis. Cenário 3: Transformar solo nu (calanchi
em italiano), num coberto denso de “maquis”
Neste terceiro cenário, grandes áreas de solo nu (calanchi), no sector Intermédio da bacia do Agri seriam recuperados através da plantação de arbustos
espécies do “maquis”, como primeiro
passo para uma mais estável e eficiente formação florestal. Os efeitos
desta intervenção são semelhantes, em percentagem, ao cenário 1 (que
considera a reflorestação de pastagens degradadas), com uma redução
de 4% de áreas críticas, mas com efeitos ambientais muito diferentes. Conclusões Estes exemplos demonstram que, usando a metodologia ESA
para explorar os efeitos de diferentes cenários, é possível analisar
e encontrar soluções para uma melhor e mais sustentável gestão de terra.
Nos casos apresentados, a melhor prática de gestão da terra para proteger
contra a degradação do solo e desertificação, com o menor impacto ambiental
possível, é a recuperação de ambientes florestais degradados “maquis
misto” e “maquis”, para formações vegetais mais densas
e fechadas, que constituem o primeiro passo para formações florestais
mistas mais estáveis e eficientes. Aplicando técnicas de análise de cenário, ás diferentes
camadas (layers) de informação do sistema ESA, este pode ser usado para
de uma forma fácil e eficiente, identificar o estado actual de degradação,
ou a sensibilidade ambiental de uma área, e salientar as melhores hipóteses
de intervenção. Esta aproximação, não só permite a identificação dos
diferentes graus de sensibilidade ambiental, mas também a oportunidade
de analisar os factores que marcam a evolução do fenómeno e encontrar
soluções eficientes. 5 topo g Desenvolvimento de diferentes
cenários de gestão da terra para protecção contra a desertificação –
Chania Crete A maior parte da área de Chania na região ocidental de
Creta está coberta por constante e ordenados olivais ou por oliveiras
solitárias. São aplicados três métodos principais de cultivo: (a) lavrar
uma ou duas vezes durante a primavera, (b) nenhuma lavra e nenhuns pesticidas,
e (c) nenhuma lavra e aplicação de pesticidas. Usando a metodologia
descrita no Uso experimental do DIS4ME em Creta as áreas ambientalmente sensíveis foram cartografadas. Áreas Ambientalmente Sensíveis à desertificação, sob actuais
práticas de gestão e uso da terra.
Utilizando a metodologia ESA, quarto cenários foram examinados,
para determinar o seu potencial em mudar a sensibilidade á desertificação. Cenario 1: Mudança de olival para cereais
A substituição dos olivais por cereais afecta, fortemente,
a sensibilidade da área à desertificação. ESAs críticas aumentam de
14.2% para 47.2%. Varias áreas caracterizadas como frágeis sob as condições
existentes tornam-se críticas. A área anteriormente caracterizada como
frágil é reduzida de 78% para 51.8%. Áreas Potenciais ou Não ameaçadas
deixam de aparecer no mapa da ESAs. Cenário 2: Lavrar
o solo nos Olivais
Uma mudança na gestão da terra, de forma a incluir a prática
de lavrar o solo no cultivo da oliveira, não revela mudanças significativas
no mapa da ESA. Podia verificar-se um ligeiro aumento na sensibilidade,
se toda a terra sob olivais fosse cultivada. Cenário 3: Substituir o olival por vegetação natural
A mudança do uso de solo olival (tendo em conta as actuais
práticas de cultivo), para vegetação natural (na condição de que a terra
não fosse sujeita a sobrepastoreio), aumentaria um pouco a sensibilidade
à desertificação. Este facto podia ser atribuído ao elevado risco de
incêndio, se comparado com o das oliveiras, e também pela presença de
animais. Cenário
4: Nenhuma lavoura nos olivais
Neste cenário, onde os olivais já não são lavrados, proporciona-se
á terra a melhor protecção contra a desertificação. As ESAs críticas
decrescem de 14.2% (condição presente) para 10%, com um aumento significativo
do subtipo C1, que é considerado menos sensível que o subtipo C2. As
ESAs frágeis decrescem de 78% para 70.4%. A área coberta pelos subtipos
F3 e F2 decresce em cerca de 11%, enquanto o subtipo F1 aumenta de 15.5%
para 30.9%. Finalmente, um aumento considerável (de 4.3% para 15.2%)
é estimado nas ESAs potenciais. Conclusões A melhor prática de gestão da terra para protecção desta
área contra a erosão de solo e desertificação, mantendo as fontes de
rendimento dos agricultores é, manter os olivais existentes, mas sem
lavrar o solo, ou reduzir as lavouras para uma vez em cada três anos,
apenas para reduzir o crescimento da vegetação natural perene. As oliveiras têm uma adaptação e resistência, particularmente
alta, a secas prolongadas e suportam uma diversidade de fauna e flora
notável, que inclusive é ainda mais alta, do que em alguns ecossistemas
naturais. Os olivais podem ser considerados florestas naturais, altamente
adaptadas ás condições de secura Mediterrânicas, com vulnerabilidade
mais baixa ao fogo, que florestas de pinheiros (pinhais), protegem efectivamente
o solo do impacto das gotas da chuva durante o período chuvoso, e providenciam
uma fonte de rendimento considerável aos agricultores. No entanto, a
expansão dos olivais a áreas naturais, com declives acentuados e solos
pouco profundos não é recomendado. 5 topo |