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Sistema de Indicadores de Desertificação para a Europa Mediterrânea |
Desertificação
e Indicadores: perguntas e respostas O
que é a desertificação? Esta
foi uma questão debatida de uma forma acesa durante vários anos. A palavra
evoca uma paisagem que “se está a tornar num deserto” e
implica uma perda irreversível de recursos naturais, levando a uma produtividade
decrescente e empobrecimento da população. O problema é que a perda
de recursos naturais tem várias causas, tanto naturais como antrópicas
e as consequências são também variadas, indo do despovoamento rural
à salinização do solo. As muitas variantes locais na aparência do fenómeno
de desertificação conduziram a que a palavra fosse usada de diferentes
formas e com distintos significados. Por seu turno, estes diferentes
usos do termo, significavam a dificuldade em atingir um consenso acerca
de como combater a desertificação. Por
fim, desertificação foi claramente definida no texto da Convenção das
Nações Unidas de Combate à Desertificação (UNCCD) como “degradação
da terra em regiões áridas, semi-áridas e sub-húmidas,
resultando de vários factores, incluindo variações climáticas e actividades
humanas”. Esta é a definição, universalmente aceite hoje em dia. O que é a degradação da terra? Novamente
a UNCCD dá a resposta. É a perda de complexidade, produtividade biológica
ou económica das terras de cultivo, pastagens ou florestas, em consequência
de usos do solo ou de outros processos resultantes de actividades humanas.
Estes processos incluem aspectos, como a erosão do solo, a deterioração
da qualidade do solo e a perda de vegetação natural a longo prazo. Quais são as partes do mundo afectadas pelas desertificação? Todas
as áreas do globo (excluindo as regiões polares), nas quais o rácio
entre a precipitação anual e a evapotranspiração potencial, desce para
valores entre 0.50 e 0.65 são potencialmente afectadas. Para efeitos
da UNCCD estas áreas incluem partes da África, Ásia, América Latina
e Caraíbas, Norte Mediterrâneo e Europa do Leste. No entanto, os maiores
problemas são, indubitavelmente, em África onde uma enorme proporção
da terra e um substancial número de países, têm pouca precipitação e elevadas taxas de evapotranspiração.
Estes, apresentam níveis elevados de pobreza,
condições sócio-económicas difíceis e alta dependência da população
em relação aos recursos naturais, o que conduz a uma grave degradação
da terra. E
o Norte Mediterrâneo, é afectado também desta maneira? Convém
recordar que desertificação é definida, como degradação da terra num
ambiente semi-árido. Estas condições também ocorrem no Norte Mediterrâneo.
Podem não ser os mesmos problemas, relacionados com pobreza e dependência
de uma agricultura de subsistência, como se encontra em África, mas
há claramente actividades humanas insustentáveis, num ambiente relativamente
frágil, que estão a conduzir à degradação de recursos como a água e
solo. Aparte
do seu clima semi-árido (em que ocorrem secas sazonais, elevada variabilidade
da precipitação e precipitação repentina de alta intensidade) o ambiente
do Norte Mediterrâneo apresenta outras características que a UNCCD reconhece
como predispondo-o à desertificação. Estas incluem solos pobres e altamente
erosionáveis; relevo movimentado e vertentes muito declivosas; extensa
perda floresta em virtude dos fogos; abandono da agricultura tradicional,
com deterioração das estruturas de conservação da água e solo; exploração
não sustentável dos recursos hídricos; concentração da actividade económica
nas áreas costeiras. O
que é um indicador? Um
indicador é uma medida que reflecte o estado de um sistema social, económico
ou ambiental, ao longo do tempo. Os indicadores são partes pequenas,
maneáveis, tangíveis e eficazes de um sistema, capazes de transmitir
ás pessoas o sentido de um quadro maior. São utilizados para seguir
mudanças em sistemas complexos e monitorizar o progresso, em direcção
a metas pré-determinadas. Por
exemplo, a precipitação anual é indispensável no conjunto de indicadores
de desertificação, tal como rocha mãe e densidade de população. Os dados
sobre todos estes elementos, estão largamente disponíveis, são facilmente
perceptíveis, mensuráveis e monitorizáveis, critérios essenciais, para
que estes indicadores sejam bem sucedidos. Adicionalmente,
é muitas vezes vantajoso agregar vários indicadores num índice, permitindo
que vários factores sejam, simultaneamente, tidos Porque
existem tantos indicadores no DIS4ME? É
fácil, tornar-se demasiado optimista na busca de um só indicador de
desertificação, ou índice, que seja universalmente aplicável. Não obstante,
a probabilidade de encontrar um tal Santo Graal é baixa. Isto porque, até
na Europa as causas e consequências da desertificação e degradação da
terra são múltiplas, com uma vasta variabilidade local. Por exemplo,
uma questão particular associada com a desertificação no Alentejo é
o despovoamento rural, motivado pela procura pelos jovens de melhores
rendimentos e padrões de vida nas cidades, o que resulta num acentuado
envelhecimento da população rural. No Guadalentim,
as questões estão relacionadas com a mudança de usos do solo, em resposta
aos subsídios disponíveis da EU, e o resultado foi a plantação em larga
escala de amendoeiras, segundo as curvas de nível das vertentes. A degradação
da terra nestas duas situações tem diferentes causas e consequências.
É necessário, um conjunto diferente de indicadores para compreender
o quadro mais geral em cada caso. Assim,
os indicadores estão a ser utilizados como medidas de substituição,
para questões, que não são directamente observáveis ou mensuráveis.
Por exemplo, considere-se a questão da capacidade local para combater
a desertificação. Indicadores relevantes, incluem o número de cooperativas
agrícolas, idade média dos agricultores e grau de ensino. Em virtude
do desajuste entre indicadores e questões, é melhor contar com vários
indicadores, em vez de apenas um, quando se pretende medir, questões
complexas deste tipo. Qual a origem dos indicadores no DIS4ME? Várias
fontes. Em primeira instância, dos Planos Nacionais de Acção de Combate
à Desertificação de Portugal, Espanha, Itália e Grécia, nos quais foram
utilizados para identificar áreas afectadas pela desertificação, em
cada um desses países. Estes indicadores tendem a ser aqueles para os
quais, existem dados a uma escala nacional (como incidência de fogos,
índice de seca, índice de uso do solo). Em segundo lugar, resultam de
mais de uma década de pesquisa Europeia, sobre as causas e consequências
da desertificação na Europa Mediterrânea. Abrangem, desde a escala de
todo o Mediterrâneo (coberto vegetal a partir de detecção remota, índice
regional de degradação), à escala sub-nacional
(índice de emprego, área desflorestada, precipitação efectiva), até
à escala da parcela (profundidade do solo, operações de lavoura). Em
terceiro lugar, estes indicadores tiveram origem, nas próprias pessoas
que vivem nas áreas afectadas pela desertificação. Estes indicadores
incluem alguns dos mais pragmáticos (desaparecimento de fontes, probabilidade
das crianças sucederem aos pais na exploração agrícola da família, número
de técnicos com conhecimentos acerca de desertificação). Com
agredecimentos a: |